domingo, 30 de setembro de 2012

"Eu Queria Ter a Sua Vida"?





Não sou muito adepto do gênero ‘comédia romântica’, mas quero comentar o divertido filme “Eu Queria Ter a Sua Vida” (The Change Up, 2011). A película conta a surreal história dos amigos de longa data Dave (Jason Bateman de Hancock e O Reino) e Mitch (Ryan Reynolds de Lanterna Verde), ambos completamente diferentes.

Dave buscou o casamento, um emprego fixo, filhos e responsabilidades de um jovem pai de família. Já Mitch é solteiro e vive loucamente muitas aventuras, como se envolver com mulheres que o procuram apenas nas madrugadas. Trabalha em bicos que surgem como ator.

O filme mostra situações divertidas do quotidiano dos amigos até que cansados da vida que levem, simplesmente desejam ter um, a vida do outro. O que surpreende é que possuem seus desejos atendidos. Trocam de corpo no melhor estilo “Quero ser Grande” (de 1988, com Tom Hanks).

Agora Dave viverá a liberdade louca de Mitch e esse terá que se ver casado, com três filhos pequenos, e diante de grandes compromissos de trabalho, mesmo sem fazer a mínima ideia de como realizá-los! Recheado de (bons) clichês e de cenas constrangedoras, o longa foca divertidamente na liberdade que cada um tem de fazer suas próprias escolhas.

Embora a vida que escolhemos não seja exatamente um conto de fadas moderno, ela possui suas compensações. Claro que é duro ao chefe de família desdobrar-se como bom marido, pai presente e ainda portar-se como funcionário exemplar pra não perder o emprego e ainda lutar pela promoção. Ao passo que decidir em não manter essa versão ‘família’ e viver outra forma de vida, precisa-se também encarar os pontos positivos e negativos dessa escolha natural.

Aos poucos enquanto se envolvem nas mais atrapalhadas situações Dave e Mitch sentem saudades mesmo dos pontos que achavam ruim em suas vidas. Agora eles precisam correr contra o relógio pra tentar reverter a situação ou cada um viverá definitivamente a vida do outro.

Divirta-se enquanto se coloca na pele dos amigos e viva a possibilidade do impossível nessa boa comédia do diretor David Dobkin (de Penetras Bons de Bico e Bater e Correr em Londres), e a boa atuação da bela Olivia Wilde (Cowboys & Aliens e Contra o Tempo).

Wendel Bernardes.

 (Assista ao Trailler)

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Game da Vida



  

Uma sociedade caída que cultua o viver fugaz e a superioridade de algumas classes sociais sobre outras. Não, isso não se trata de um documentário sobre nossa sociedade atual, mas sim o filme de ficção (adaptado do romance em três edições de Suzanne Collins) “Jogos Vorazes” (Hunger Games, 2012).

Vive-se numa realidade alternativa onde se escolhem casais de jovens das doze tribos para jogar até a morte num reallity que visa literalmente lucrar com o sangue de seus jogadores.
Vale tudo para obter a vitória, seja pelos meios ‘lícitos’ ou até burlando o game.

Assim são inseridos no jogo os adolescentes Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence de X-men Primeira Classe, 2011) e Peeta Mellark (Josh Hutcherson de Zatura, 2005 e Viagem ao Centro da Terra, 2008).
Ela exímia arqueira que usa de suas habilidades para sobreviver na floresta hostil próxima de sua tribo vendendo caça aos menos miseráveis.
Ele, ágil e forte, porém um tanto desfocado por causa dos holofotes óbvios direcionados em sua parceira por conta de sua excelência como competidora.

Boa obra de ficção (que tem sido cotada como substituta para as mega produções literárias e cinematográficas como Harry Potter e Crepúsculo) às vezes lembra algo dirigido por Tim Burton por conta peculiar da visão futurista e um tanto burlesca, outras vezes lembra filmes como As Crônicas de Nárnia por conta da temática capa e espada.

O filme trás boas atuações de gente consagrada como Donald Sutherland, Elisabeth Banks, Stanley Tucci e boa tentativa do showman Lenny Kravitz (que prova que música é seu feeling sem discussão) e a direção de Gary Ross (de Seabiscuit: Alma de Herói, 2003 e Quero Ser Grande, 1988).

A vida vale o que vale um jogo?
Imagem, grana, visibilidade, poder...
Quem sabe a ficção nesse filme fique apenas na boa construção de arte, figurino e efeitos especiais, pois no fundo somos mesmo uma sociedade fútil que avalia seus membros como peças de xadrez, quebra-cabeças ou ainda pior; como caça nas mãos dos mais poderosos.
Pra viver aqui, cada um usa das armas que pode. Viver assim é um jogo... Um jogo nada ilusório e muito voraz.

Wendel Bernardes.

Trailler Dublado

domingo, 23 de setembro de 2012

Procurando Algo a Mais.





 Até onde um homem pode ir para honrar a memória de quem ama? Essa é a premissa do épico “A Águia da Legião Perdida” – 2011 (The Eagle), do diretor e ganhador do Academy Awards Kevin Macdonald (Do excelente “O Último Rei da Escócia”, 2006 e “Intrigas de Estado”,  2009).

Marcus Áquila (Channing Tatum de “G.I. Joe, a Origem de Cobra” e “Anjos da Lei” - o filme) é um jovem e obstinado oficial romano que conseguiu por seus próprios méritos uma grande promoção de confiança no Império. E qual não foi o espanto quando ele decide liderar o front de guerra justamente nos domínios mais inóspitos que Roma tomou. A Bretanha recheada de valentes guerreiros selvagens é certamente o ponto mais complicado para a extensão do poder do grande exército.

Nos primeiros momentos pode ficar evidente a motivação de Áquila, mas um expectador mais atento percebe que o personagem de Tatum não busca apenas honrar, ou até encontrar seu pai sumido em meio a violência da guerra, ou estandarte qualquer. Quem sabe busque mais do que isso? Quem sabe procure seu próprio lugar ao sol, sua marca numa sociedade que enfatiza os feitos e ‘gestos nobres’ acima até mesmo da ética em busca do poder.

Confesso que o filme me surpreendeu pela boa atuação de Channing Tatum, na verdade a melhor atuação que vi do mesmo até então. Vale destacar também a excelente presença do ator Jamie Bell (de Jumper, À Beira do Abismo, As Aventuras de Tintin e A Conquista da Honra) e do veterano Donald Sutherland.
A obra possui uma ótima fotografia e consegue se manter no gênero também por conta da temática honra versus marca pessoal.

Faz-nos pensar se nossos planos são mesmo baseados em metas pré-estabelecidas ou se no fundo, usamos dessas mesmas metas para realizar nossos sonhos e exorcizar o medo inserido em nós pelas gerações passadas. Quem sabe 'resgatar uma legião perdida' seja tão somente uma busca interior, remetendo-nos a velha e discutida temática “quem sou eu”.
De qualquer forma, vale (e muito) assistir e conferir!

Wendel Bernardes.

Trailler em HD legendado.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A Batalha de Sempre...




Abusando deliciosamente de todos os clichês possíveis o diretor Peter Berg (de O Reino e Hancock) investe pesado em seu Battleship. O filme está entre os gêneros ação, ficção científica e cinema catástrofe amalgamado em ótimas cenas de guerra e algumas boas atuações que salvam a obra (que não possui um roteiro assim tão primoroso).

Imagine se de repente todos os sinais enviados da Terra ao espaço em busca de contato extraterrestre fosse respondido com uma visita repentina e hostil de seres aliens humanóides com tecnologia e poder avançadíssimos se comparados ao nosso. Esse tipo de notícia que parece até brincadeira do diretor Orson Welles (1915 - 1985) é a temática central do filme.

O horror dessa resposta ofensiva mistura-se na aventura da sobrevivência (explorada ao extremo em filmes como Independence Day, Guerra dos Mundos, Batalha em Los Angeles, etc.) e na mensagem otimista que Hollywood sempre visa passar da unidade do homem em meio ao caos e a um inimigo comum.

Personagens diversos mesclam-se num aprendizado contínuo nesse filme. O jovem que entra forçado na marinha por influência de seu irmão mais velho como última tábua de salvação e precisa provar a todos (e a si mesmo) que não é um inútil. Há também a abordagem antiga do preconceito americano com outras raças na pele de um jovem, porém competente comandante japonês que prova seu valor.
Ou ainda a redescoberta da vida na pele de um ex-combatente afundado em autocomiseração por ter sido afastado de seus serviços por conta de uma amputação severa.

Outra temática interessante abordada é a utilidade dos membros da terceira idade nessa guerra. Depois de toda a tecnologia de ponta a dispor do homem simplesmente falhar em vista do poder bélico inimigo, só resta agir quase às cegas, operando analogicamente com um navio de setenta anos, e com uma tripulação da mesma idade. Tudo passa a ser meio que um jogo de tabuleiro, daí o nome Battleship (Batalha Naval, do jogo da gigante Hasbro).

Embora temáticas utópicas tenham sido abordadas não é demais entender que mesmo difícil de realizar, o homem ainda precisa compreender que apenas esforços grandes podem fazer algumas diferenças. Quem sabe não na vida do planeta, mas na vida de cada ser, de cada individuo. Mudando a abordagem em coisas simples pra realizar aos poucos grandes coisas.

O filme serve mesmo como boa diversão ao lado de pipoca e guaraná sem grandes exigências, é relaxar e curtir. Mas reflexão é sempre bem vinda, seja em como agimos com nosso próximo, ou ainda o peso que damos às nossas prioridades.

Wendel Bernardes.

Assista ao Trailler

domingo, 16 de setembro de 2012

O Amargo Sabor do Poder Ilimitado...



(Capa usada no Brasil)

Sempre fico imaginando algo aqui com meus botões... O que faríamos se tivéssemos nas mãos poder quase ilimitado? Sob essa premissa desenvolve-se o bom filme “Poder Sem Limites” (Chronicles - 2012) O filme envereda-se pela fina barreira existente entre a ficção e a realidade na ótica do cinema.

Andrew (Dane DeHaan das séries televisivas True Blood e In Treatment) é um jovem recluso, sofre de bullying, maus tratos nas mãos do pai alcoólatra e ainda tem que ver sua amada mãe definhar pra morte numa cama.
Não vive completamente só, pois conta com a presença (recente) de seu primo Matt (Alex Russell) em sua vida. Jovem um tanto problemático com fama não muito boa na escola e que não consegue por conta disso nem mesmo conquistar a garota de seus sonhos.
Diferente deles é Steve (Michael B. Jordan). Popular, candidato quase eleito á presidência do grêmio da escola com boa auto-estima e muita gente em seu redor.

O que poderia unir esse grupo tão estranho?
Por coincidência ou não os três estão em uma festa realizada num galpão abandonado. Enquanto Andrew é rechaçado pela maioria por conta de seu mais novo hobby (filmar tudo o tempo todo), seu primo aventura-se a explorar o lugar em busca de mais emoção.

Steve encontra Andrew justamente por conta desse hobby, queria documentar o achado estranho, e um cinegrafista mesmo amador viria a calhar. O grupo firmado ao acaso põe-se a explorar uma espécie de caverna nos arredores da festa até que um estranho objeto colorido, que não se assemelha a nenhum construto terrestre, chama a atenção.
Logo percebem que o contato com o artefato altera completamente suas vidas. Ganham poderes telecinéticos conseguindo mover pequenos objetos apenas com o poder da mente.

Aos poucos percebem que o exercício desses poderes os torna mais fortes, de pedrinhas logo conseguem mover grandes objetos.
Inicialmente tudo parece apenas brincadeira, algo realizado na mente inconseqüente da juventude, mas logo o poder sem regras começa a fazer suas vitimas, inclusive entre eles.

Engana-se quem pensa que a aventura se trata de mais um filme de super heróis (muitos comentaristas de blogs e sites pensam exatamente assim, e retratam a obra como um filme desse gênero – ledo engano, sinto dizer), o filme tende a mostrar outro ponto de vista, e os jovens estão pouco à sombra de personagens politicamente corretos com capas que arriscam a vida pelos outros. Não mesmo!

O filme é todo produzido a partir da visão das câmeras dos meninos e de algumas câmeras externas como as que existem no interior das lojas, etc., mas é tudo bem colado apenas para parecer que é obra do acaso. Essa técnica já foi bastante vista em filmes como A Bruxa de Blair (1999), e o chato Cloverfield Monster (2008) entre outros.

O diretor Josh Trank (que teve seu nome cotado para a continuação da franquia de O Quarteto Fantástico) focou na pequena produção talvez por ser seu trabalho debut. Não há grandes inserções de efeitos especiais como aguardado num filme do gênero ação/ficção, mas quem disse que isso tira o mérito da obra? Quem sabe a falta dos grandes (e bons) efeitos é proposital, dando um ar ‘acidental’ como que realmente filmado por adolescentes.

O foco do filme não está nas atuações estelares, numa mega direção ou numa produção condizente com Hollywood (o filme orçou originalmente em US$ 12 mil, bagatela pra indústria), mas sim direcionado para o conceito de até onde se pode chegar com poder nas mãos, principalmente se esse poder for sobrenatural.

Ao assistir a obra me pus no lugar dos garotos, sofrendo abuso, violência, descaso social. Quem sabe o filme apenas revisite temas como a violência de franco atiradores psicopatas que fazem de alunos seus alvos?
Seja de uma forma ou de outra fez lembrar-me de uma frase de uma canção que diz:
“...O poder de dominar é tentador...”

Quem sabe seja sempre bom reconsiderar nossos caminhos e sermos aliviados do poder em nossos ombros de vez em quando, entendendo que é essa atitude que pode nos fazer mais humanos, e assim, mais normais!



Wendel Bernardes

sábado, 1 de setembro de 2012

Noite de Ano Novo



Vidas misturadas, entrelaçadas, cada um com seus problemas, dilemas; soluções.
Essa é a premissa de ‘Noite de Ano Novo’ (New Year’s Eve - 2011) do diretor Gary Marshall. Um elenco estelar abrilhanta o filme que conta várias histórias de vida.

Amores desgarrados, reencontros, encontros, despedidas...
Tudo amalgamado numa história com um ritmo muito bom e atores que dão conta do recado. O filme foca nos relacionamentos pessoais, onde cada detalhe é importante para se entender a trama.

Pressões de trabalho em plena passagem de ano, profissionais de saúde que não abandonam pacientes terminais mesmo ‘abandonado’ a família em data tão importante. Reconciliação de pai e filha, e até a descoberta de um novo amor em plena maturidade.

Assisti ao filme mais por conta do elenco (principalmente Robert De Niro, Katherine Heigl e Michelle Pfeiffer). Mas confesso que aos poucos fui envolvido pela pegada cômica, leve e romântica do mesmo.

Não há como ao assistir à película deixar de se imaginar em pelo menos uma das muitas situações sugeridas. Esse foi o meu caso. Talvez seja também o seu ao assistir. Não sou muito adepto de ‘comédias românticas’, mas o filme em si possui uma levada que remete aos bons filmes desse e de outros gêneros.

Em nossas vidas às vezes por conta de várias situações deixamos de viver plenamente ao lado de quem amamos, ou ainda, deixamos escapar momentos importantes, fases que não voltam, quem sabe por medo simplesmente deixamos de nos aventurar! O filme emociona, pois nos mostra que sempre existe uma nova oportunidade, ou ainda uma nova chance.

Vale a pena conferir essa nova empreitada do diretor do Cult “Uma Linda Mulher” e “O Diário da Princesa”.

Embora o filme seja meio temático e envolva um pouco as nuances contidas nas inúmeras promessas e planos que se façam na noite de ano novo, a obra pode mostrar não apenas esse sentimento quase sempre fugaz, mas também a importância de acreditar que embora as coisas pareçam duras e nebulosas, a vida dá seu jeito... sempre!

Wendel Bernardes