sábado, 28 de abril de 2012

Em Busca da Imortalidade...


“As almas dos homens são imortais, mas as almas dos justos são imortais e divinas.”
Sócrates.

Partindo dessa premissa desenrola-se o bom filme “Imortais” (Immortals 2011). Teseu (Henri Cavill) é alguém segregado por sua comunidade. O preconceito instalá-se por conta da vida passada de sua mãe. Têm-na como uma desclassificada simplesmente por ter sido violentada na sua juventude. Seu bom e honesto filho cresceu sem pai, mas com honra e caráter próprio de um homem de bem. Tem como mentor um ancião (John Hurt) que lhe ensina técnicas de luta e mesmo sua filosofia particular.

Mas como nenhum drama vem desacompanhado a tribo helênica da família de Teseu é avisada da passagem do terrível rei Hipérion (Mickey Rourke). Homem amargurado com a teologia reinante dos deuses olimpianos que nada fazem para aplacar a dor da vida do homem comum, nem a dos reis. O próprio rei maligno vive seu drama pessoal onde sua família foi assolada por doenças que os levou a morte.

Sendo assim a revolta e o ódio tomam conta da vida de Hiperion e decide aplacá-los dominando o mundo conhecido tomando posse do místico Arco de Épiro para trazer de volta a vida os titãs há muito aprisionados pelos deuses olímpicos.

Dirigido por Tarsem Singh essa produção cinematográfica recheada de efeitos especiais e com fotografia primorosamente retocada foca sua base no destino do homem. Cada homem teria seu destino pré-estabelecido? Ou somos livres para traçar nossa vida segundo nosso próprio ponto de vista?

Teseu encontra com seus próprios problemas quando enfrenta a morte bárbara de sua mãe e ainda tem que lidar com o peso de ter sido ‘escolhido’ por Zeus (Luke Evans) para impedir a destruição do mundo conhecido pelos terríveis e obstinados titãs, mesmo sem possuir fé alguma no deus dos raios ou acreditar na existência dos titãs.

Tecnicamente o filme foi muito assolado por comentários negativos tanto dos fãs do gênero como dos críticos de cinema. Talvez por conta de outra grande produção com a mesma linguagem e com histórias parecidas (o já aclamado Fúria de Titãs). Mas entendo que as produções se diferem em muitos aspectos e talvez só se pareçam mesmo no plano de fundo (mitologia Grega).

Conto como ponto positivo do filme a boa escolha do figurino que em muitos momentos lembra muito os desfiles de alta costura com mega acessórios de cabeça, armaduras reluzentes (dos deuses). E a já comentada fotografia que lembra bastante o filme 300 onde os retoques virtuais dão força à mecânica da história.

Ressalto a ótima atuação do veterano John Hurt como o ancião mentor de Teseu (que posteriormente revela-se Zeus), da brilhante participação de Mickey Rourke como rei Hiperion (que nem de longe lembra Homem de Ferro 2). Sua caracterização foi excelente e sua atuação foi intensa (ouça o original e inglês e curta a voz de Rourke).
Também estão bons nos papéis a atriz indiana Frieda Pinto (de Planeta dos Macacos 2, e Quem Quer Ser um Milionário) na pela da Oráculo e a jovem Isabel Lucas (de Tranformers 2- A Vingança do Derrotados) como a deusa Atena.

A produção é uma ótima opção para os amantes dos épicos de ficção e ligados em mitologia (não perca a luta entre os titãs e os deuses no finalzinho do fime). Faz bem para cada um que gosta de refletir sobre decisões da vida e o caminho que somos obrigados a encarar quando optamos por essas veredas. Imortais nos lembra que embora muitos nos vejam de alguma forma como ‘lendas’ ou mesmo projetem-nos de uma maneira utópica somos feitos de carne e como tais estamos sujeitos aos detalhes de viver dessa forma, longe das imagens.

Wendel Bernardes.

terça-feira, 24 de abril de 2012

O Preço do Tempo...



Como seria a sua vida se soubesse exatamente quanto tempo lhe resta? Literalmente??
Essa é a premissa do filme de ficção ‘O Preço do Amanhã’ (In Time).
A Terra vive uma nova realidade. A frase ‘tempo é dinheiro’ é levada ao pé da letra. Seres humanos nascem com relógios embutidos no braço onde cada segundo da vida é computado.
O dinheiro perdeu seu valor, o tempo que lhe resta, ou lhe sobra, define o quanto você tem, ou quem você é!

Nessa sociedade os humanos podem viver como imortais agregando centenas de anos em seus relógios braçais ou outros milhares de anos em seus cofres particulares.
Will Salas (Justin Timberlake) é um jovem que sofre justamente por ser da outra fatia da sociedade. Gente que trabalha em troca de tempo. Horas, minutos, segundos... o drama da vida é ver gente morrendo em cada esquina, simplesmente por terem seus tempos esgotados. Paradoxo mortal!

Nem tudo é tão diferente assim nessa era fictícia. As grandes corporações ainda detém o poder, governando a vida de gente comum. A aristocracia usa e abusa do tempo que roubam das vidas.
As financeiras e bancos emprestam tempo a juros cada vez mais altos e a polícia tem o dever de manter a ‘ordem’, ou seja; fazer as castas miseráveis continuarem à mercê da desgraça enquanto os grandes sugam suas vidas como parasitas.

Sylvia Weis (Amanda Seyfried) sabe muito bem como é viver assim já que nasceu em berço dourado. Herdeira da Corporação Weis, ela decide arriscar tudo se aliando ao louco Will que por conta das circunstâncias vive os momentos que lhe restam intensamente depois de perder quase que num mesmo momento sua mãe (Olivia Wilde de Tron; o Legado e Cowboys & Aliens) e seu melhor amigo (vivido por Johnny Galecki, o Leonard de Big Bang Theory).

Até que ponto somos livres para fazer nossos próprios destinos? Nossas escolhas são dirigidas por nossas vontades?
O que você faria se apenas lhe restassem alguns dias, ou mesmo horas?
O filme de 2011 é dirigido por Andrew Niccol (de o Senhor das Armas) e faz-nos refletir que, embora com pontos diferentes, vivemos numa sociedade que compra e vende a vida da mesma forma, a única diferença é que nosso ‘relógio da vida’ está oculto, invisivel.

Cada escolha, cada passo conta para determinar o quanto podemos e queremos viver... E viver em abundância de vida e intensidade.
A obra, embora recheada de clichês, promete deixar os fãs de ficção satisfeitos, mas não chega a empolgar tanto. Certamente não temos aqui um blockbuster, mas vale o tempo gasto na frente da TV principalmente se levarmos em conta a reflexão sobre a vida, nossas realidades e os caminhos que trilhamos.
Quanto tempo lhe resta?
Viva!!!

Wendel Bernardes.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Código de Conduta. (Law Abiding Citizen 2009)



O que é Felicidade? Muitos podem defini-la como a realização de alguns sonhos. Se isso for verdade Clyde Shelton (Gerard Burtler de 300, Como Treinar Seu Dragão e P.S. – Eu Te Amo) é um homem feliz. Bem sucedido, bem casado e pai de uma menininha linda.
Infelizmente esse conto de fadas moderno é arrancado de Clyde quando uma dupla de bandidos entra em sua casa e mata covardemente sua família na sua frente com requintes de crueldade inimagináveis por quaisquer seres civilizados.

A dor da perda transforma-se em sede de justiça, os bandidos são pegos e presos. Clyde é um cidadão modelo que acredita na lei e em seu cumprimento pelas autoridades competentes. Mas tudo começa a desencaixar quando um dos bandidos consegue a liberdade por conta de um acordo feito com o gabinete da promotoria. Nick (Jamie Foxx ganhador do Oscar, Golden Globe, SAG Awards e Bafta por Ray em 2005) é um jovem promotor em ascensão e segundo seu ponto de vista a justiça fora feita no caso de Clyde, mesmo que pra isso acordos escusos tenham sido engendrados.

O mundo do crédulo Clyde entra em parafuso quando entende que o sistema que prende, julga e põe em liberdade culpados não arrependidos e não ressocializados é sujo, e não apenas isso, é também comprometido em vários nichos e escalões. Dez anos se passam até que a vingança de Clyde começa a ser posta em prática. Vende seus bens, adquire conhecimentos autodidatas em direito e torna-se polícia, juiz e carrasco de todo um sistema.

O filme se desdobra em muitos acontecimentos e alguém antes tipo pela sociedade como mais uma vítima esquecida, passa a ter o papel de criminoso. Suas noções de certo e errado começam a ceder à medida que a certeza da impunidade defende a malignidade e desampara ainda mais quem está à beira da loucura por ver seu mundo morrer.

Embora o filme não aborde exatamente esse tema, fica ecoando na mente de cada espectador a seguinte pergunta: O que é certo e errado? Quem é mais criminoso, o bandido que rouba, tortura e mata pelo simples prazer do ato, ou o homem que reagindo à esse gesto, evoca seus demônios interiores e mata (de todos os modos possíveis) um monte de vidas para vingar-se de sua perda?

Os valores invertidos encravados em nós dizem que a vítima só pode ser vingada com um banho de sangue igual ou superior ao que fora submetido.
“Olho por olho, dente por dente.”

Mas não é assim que a Graça encerra. Embora existam erros negros como a noite, se deparadas com a cruz onde há arrependimento genuíno, podem ser convertidos em absolvição e paz.
Ao mesmo passo que com a vítima, havendo liberação de perdão, faz-se grande o alivio. Muito embora uma atitude não dependa da outra.

Confesso que o personagem de Butler pra mim nesse filme ganha ‘contornos de herói’. Chego a sentir o gosto da vingança junto a cada gesto de retaliação do mesmo. Parece que tudo está cada vez mais amalgamado com a porção caída do ‘Adão’ que há em mim.

Recomendo o filme (que já foi veiculado algumas vezes na TV aberta) a todos que queiram emoções fortes e questionamentos internos. Aos amantes do suspense e ação não faltam cenas clássicas desses gêneros bem dirigidas por F. Gary Gray. Butler está ótimo no papel tanto da vítima quanto do vingador enquanto Foxx (muito focado) mostra que talvez deva continuar se enveredando pelos caminhos do drama, nos quais tem sido incrivelmente bem sucedido. Suas últimas atuações em filmes do gênero como no brilhante “O Solista” (adaptação pro cinema de ‘Desejo e Reparação’ ao lado de Robert Downey Jr.) deixaram para trás definitivamente a ideia de que ele seria mais um rapper aventurando-se no cinema.

Perturbe-se, aventure-se, divirta-se.
Wendel Bernardes.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Num Novembro qualquer...



Estava me lembrando dum bom filme que assisti uns anos atrás, um drama chamado Doce Novembro (2001).

A jovem e bela Sarah (Charlize Theron) quer viver intensamente por isso decidiu que em sua independência e modo de pensar, deveria amar incessantemente. Por isso decidiu ter um amor a cada mês do ano.

E foi assim até conhecer Nelson (Keanu Reeves) um executivo bem sucedido que vive apenas para o trabalho a quem ela apelidou simplesmente de ‘Novembro’. Quase sem querer apaixonam-se e começam a desfrutar da beleza que é um relacionamento a dois quando se está amando.

Sarah decide contar-lhe sobre seus planos e de como pretende conduzir este relacionamento. Nelson, desconfiado e questionador cede, mas quer saber mais da menina que lhe encantou.

Aos poucos Sarah com seu jeito meigo e desprovido de regras (senão a sua própria) conquista Nelson, fazendo-o perceber que esta gastando muito de sua vida com coisas fúteis e passageiras. Logo, o jovem ‘workaholic’ começa a sentir o prazer que é viver mais intensamente ao lado de seu amor.

Mas, ao final do mês, Nelson apaixonado questiona os planos de Sarah. Não poderia terminar aquele relacionamento apenas porque as regras da moça determinavam assim... Depois de muito insistir, consultando amigos e percebendo o desapego da namorada em relação a sua família, notou que havia algo por detrás de tudo aquilo.

Sarah era portadora de uma doença fatal, que estava roubando-lhe a vida e ela por sua vez, e não fazia absolutamente nada para tentar mudar sua conduta de vida, ou pelo menos, para prolongar sua existência. Não consultava especialistas, não tratava os sintomas da doença... Apenas, tomava remédios que serviam mais como placebo para alguém que decidira morrer pouco a pouco.

Mas agora existia Nelson envolvido... O que fazer?

Esta é a realidade de muita gente hoje em dia. Decidem por seus próprios motivos viver uma vida louca, saltando de vagões em movimento, com revólver na fronte roletando a própria sorte nessa ‘decisão’ insana que flerta entre vida e morte.

Mas a morte não leva apenas quem decide assim viver, mas o faz também com os que estão a volta de quem decide tomar esse rumo. Família, amigos, entes queridos... todos são afligidos pela dor de perder quem amam, pois sabemos que a vida é o dom mais importante que Deus nos deu.

Embora pareça piegas ou démodé, a vida é apenas uma, e as circunstâncias que nela surgem, são em sua maioria para que saiamos dela mais fortes, mais robustos e sempre (de um ponto de vista, ou outro) vitoriosos!

O filme, que é uma refilmagem do clássico de 1968, trás mais perguntas aos questionamentos vários que temos em nossa vida. Claro que essa película não visa ‘elucidar’ absolutamente nada, mas trazer mais reflexão de como estamos vivendo e levando nossas relações de vida.
Claro que curtir a vida é válido sob muitas nuances e pontos de vista, mas será que vale o risco de perder tudo por causa dessa meta? Será que vale perder inclusive a própria vida nessa loucura de regra?

Vale pensar!

Wendel Bernardes