domingo, 16 de setembro de 2012

O Amargo Sabor do Poder Ilimitado...



(Capa usada no Brasil)

Sempre fico imaginando algo aqui com meus botões... O que faríamos se tivéssemos nas mãos poder quase ilimitado? Sob essa premissa desenvolve-se o bom filme “Poder Sem Limites” (Chronicles - 2012) O filme envereda-se pela fina barreira existente entre a ficção e a realidade na ótica do cinema.

Andrew (Dane DeHaan das séries televisivas True Blood e In Treatment) é um jovem recluso, sofre de bullying, maus tratos nas mãos do pai alcoólatra e ainda tem que ver sua amada mãe definhar pra morte numa cama.
Não vive completamente só, pois conta com a presença (recente) de seu primo Matt (Alex Russell) em sua vida. Jovem um tanto problemático com fama não muito boa na escola e que não consegue por conta disso nem mesmo conquistar a garota de seus sonhos.
Diferente deles é Steve (Michael B. Jordan). Popular, candidato quase eleito á presidência do grêmio da escola com boa auto-estima e muita gente em seu redor.

O que poderia unir esse grupo tão estranho?
Por coincidência ou não os três estão em uma festa realizada num galpão abandonado. Enquanto Andrew é rechaçado pela maioria por conta de seu mais novo hobby (filmar tudo o tempo todo), seu primo aventura-se a explorar o lugar em busca de mais emoção.

Steve encontra Andrew justamente por conta desse hobby, queria documentar o achado estranho, e um cinegrafista mesmo amador viria a calhar. O grupo firmado ao acaso põe-se a explorar uma espécie de caverna nos arredores da festa até que um estranho objeto colorido, que não se assemelha a nenhum construto terrestre, chama a atenção.
Logo percebem que o contato com o artefato altera completamente suas vidas. Ganham poderes telecinéticos conseguindo mover pequenos objetos apenas com o poder da mente.

Aos poucos percebem que o exercício desses poderes os torna mais fortes, de pedrinhas logo conseguem mover grandes objetos.
Inicialmente tudo parece apenas brincadeira, algo realizado na mente inconseqüente da juventude, mas logo o poder sem regras começa a fazer suas vitimas, inclusive entre eles.

Engana-se quem pensa que a aventura se trata de mais um filme de super heróis (muitos comentaristas de blogs e sites pensam exatamente assim, e retratam a obra como um filme desse gênero – ledo engano, sinto dizer), o filme tende a mostrar outro ponto de vista, e os jovens estão pouco à sombra de personagens politicamente corretos com capas que arriscam a vida pelos outros. Não mesmo!

O filme é todo produzido a partir da visão das câmeras dos meninos e de algumas câmeras externas como as que existem no interior das lojas, etc., mas é tudo bem colado apenas para parecer que é obra do acaso. Essa técnica já foi bastante vista em filmes como A Bruxa de Blair (1999), e o chato Cloverfield Monster (2008) entre outros.

O diretor Josh Trank (que teve seu nome cotado para a continuação da franquia de O Quarteto Fantástico) focou na pequena produção talvez por ser seu trabalho debut. Não há grandes inserções de efeitos especiais como aguardado num filme do gênero ação/ficção, mas quem disse que isso tira o mérito da obra? Quem sabe a falta dos grandes (e bons) efeitos é proposital, dando um ar ‘acidental’ como que realmente filmado por adolescentes.

O foco do filme não está nas atuações estelares, numa mega direção ou numa produção condizente com Hollywood (o filme orçou originalmente em US$ 12 mil, bagatela pra indústria), mas sim direcionado para o conceito de até onde se pode chegar com poder nas mãos, principalmente se esse poder for sobrenatural.

Ao assistir a obra me pus no lugar dos garotos, sofrendo abuso, violência, descaso social. Quem sabe o filme apenas revisite temas como a violência de franco atiradores psicopatas que fazem de alunos seus alvos?
Seja de uma forma ou de outra fez lembrar-me de uma frase de uma canção que diz:
“...O poder de dominar é tentador...”

Quem sabe seja sempre bom reconsiderar nossos caminhos e sermos aliviados do poder em nossos ombros de vez em quando, entendendo que é essa atitude que pode nos fazer mais humanos, e assim, mais normais!



Wendel Bernardes

6 comentários:

Anônimo disse...

"...o poder de dominar é tentedor..." Ok.
E a impotência diante de fatos é deprimente...

Wendel Bernardes - Cinema Com Graça disse...

Verdade!

CORAÇÃO QUE PULSA disse...

" É sempre bom reconsiderar nossos caminhos..."
"...entendendo qual é a atitude que pode nos fazer mais humanos, e assim, mais normais!"

Não sabemos lidar com o PODER.

Tenha um lindo dia, amigo.
Fica com DEUS.

Wendel Bernardes - Cinema Com Graça disse...

Verdade Clélia,
o poder corrompe!
Eu sei bem disso... (sr)

Regina Farias disse...

W.

Coincidência...
Esses dias, tenho falado sobre o lance da liberdade irresponsável, irreverente, debochada.
Em todos os acontecimentos da nossa vida, encontramos um limite, algo que nos diz que não podemos ultrapassar. Principalmente no que se refere ao relacionamento humano. Exercer o domínio próprio é regra geral para isso.
Desculpe se foge um pouco do filme mas, é que, no final das contas, leva a gente a refletir sobre nossas ações, nossas palavras, nossos pensamentos.
Tem gente que sai destilando seu veneno, atropelando a todos com fofocas e maledicências sem pensar nas consequências, se passando por doida pra inibir o outro, mas até pra o doido tem o 'sossega leão' e a camisa de força.
Ou seja: há um limite.

Abs.

Wendel Bernardes - Cinema Com Graça disse...

Exatamente Rê, existe limite até pros doidos.. rsrsrsrs.
Eu creio que por isso fomos criados com limitações. Para que saibamos nosso lugar, onde termina nossa área de atuação, etc...

E fica tranquila, pode comentar e 'fugir do assunto' o quanto quiser! Aqui vocês mandam!

Beijos!