sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Um Voz nas Sombras


Assisti a um filme lindo. Chama-se ‘Uma Voz nas Sombras’, estrelado por um dos maiores atores de sua geração, Sidney Poitier.

A produção de 1963 é baseada na vida dum homem aparentemente sem cultura, abrutalhado e um tanto turrão chamado Homer Smith.
Ele decide rodar o interior dos Estados Unidos em busca dalgo que completasse sua vida, até que cruzando uma pequena fazenda, decide pedir água justamente a um grupo de freiras, cinco no total, que vivem tão somente de seus trabalhos arando a terra, orando a Deus pedindo-O uma capela pra realizar suas missas.

A líder delas vê na chegada de Homer o cumprimento de suas preces, crê que esse homem sem destino é na verdade, um enviado de Deus, e que este andarilho é nada mais do que o homem que os céus enviaram para construir a capela.

Claro que nada disso estava nos planos de Homer, nem poderia estar. Era batista, como fazia questão de frisar e não poderia conceber-se construindo justamente uma capela católica para aquelas freiras que não possuíam sequer um tostão furado a lhe pagar (notadamente uma crítica ao modo capitalsita de vida americano).

Usando de muita perspicácia a madre superiora, vivida brilhantemente pela atriz Lilia Skala, convence quase que a força ‘Smidth’ (forma como pronuncia o sobrenome de Homer com seu sotaque alemão) a ficar.

Aos poucos Homer conhece a história dessas loucas freiras, que fugiram da Alemanha pré-guerra e foram parar justamente na fronteira do México com os Estados Unidos, acreditando que ali seriam úteis àquela comunidade.

As missas eram então realizadas na caçamba de uma caminhonete, ao lado de um bar, onde um bonachão barman chamado Juan, acaba convencendo Homer a deixar de lado sua empreitada e voltar aos seus caminhos.

Mas qual não foi a descoberta que fez Homer ao entender que sua vida andava sem sentido nenhum, decidiu então, mesmo sem dinheiro e completamente sozinho, construir a tal capela.
O material surgira depois de muito milagre, e, diga-se de passagem, muita murmuração (risos), aos poucos a comunidade começou a entender que a unidade deles poderia realmente realizar algo, e que de alguma forma a vontade de Deus estava mesmo se manifestando na vida dos que estavam envolvidos nessa empreitada. Até mesmo o ex-católico Juan, convence-se a ajudar, buscando agradar a Deus para ter um ‘futuro nos céus’.

O filme é leve, divertido e emocionante. Filmado ainda em preto e branco, como os recursos que Hollywood possuía na primeira metade dos anos 60.
Podemos refletir na mensagem central desse filme, que nos mostra que Deus pode realmente construir Sua vontade independente do que pensa o homem.
Que Ele tem seus métodos tanto para nos convencer de Sua suprema vontade, quanto para nos fazer entender que nossos preconceitos e religiosidades em nada estão ligados a Ele!

Talvez você não encontre esse filme numa locadora, nem sei se está disponível na web, provavelmente não, pois não se trata de uma grande produção cinematográfica. Mas fica aqui o relato de que depois de 49 anos que a película foi filmada, pôde tocar minha vida, mostrando-me que Deus pode seguir Seus caminhos e fazer Sua vontade, independente do que eu acho, ou sequer concebo!

Wendel Bernardes.

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