Quando ouvi os primeiros rumores de Star Trek: Além da Escuridão (Star
Trek Into Darkness, 2013) e do quanto o segundo filme da franquia havia
superado o primeiro, realmente fiquei empolgado. Agora depois que assisti ao
filme de J.J Abrams (diretor de Missão
Impossível 3 e Super 8) posso
dizer que essa informação em parte é verídica.
São cenas empolgantes onde cada take – milimetricamente pensado
para fazer eclodir as mais diversas emoções – te leva a fluir no rio da
aclamada série clássica cultuada e venerada por uma legião de fãs ao redor do
mundo.
Os efeitos especiais e a fotografia estão cada vez mais aprimorados,
o elenco – praticamente o mesmo do filme anterior (coisa difícil numa franquia
de sucesso) – remete a uma boa química, onde cada ator fez (e muito bem) seu
dever de casa.
Principalmente Chris Pine.
O ator está definitivamente exorcizado dos papéis teen do
inicio de sua careira (como Sorte no Amor
com Lidsey Lohan e O Diário da Princesa 2
com Anne Hataway) e consolida um James Kirk que remonta o original vivido por Willian
Shatner e Zachary Quinto por sua vez honra o manto de Spock num mestiço de
vulcano e humano, aos poucos descobrindo seu lugar tanto na Enterprise quando
no coração da jovem Uhura (Zoe Saldana).
Mas ainda assim creio que o filme (como disse inicialmente) é
melhor apenas em parte que o primeiro da série. São óbvios os avanços tecnológicos
(parte das filmagens do interior da nave foi realizada no National Ignition
Facility (NIF) no Lawrence Livermore Laboratories, lugar de pesquisas sem
precedentes pro futuro da energia), mas difícil superar a idéia do encontro
entre os dois Spock no filme original (re-brindado nesse filme) e todo o
desenrolar da origem da Enterprise.
Então, consideraria um empate técnico, e aqui fala um fã (não
da serie original, que achava meio sem graça, confesso) dos filmes de ficção
científica e do trabalho cada vez mais verossímil de Abrams.
Kirk depara-se com a morte de seu mentor (a figura mais próxima
de um pai, após a morte de seu progenitor) após um aparente atentado gerado por
um membro da Frota Estelar.
Imbuído do desejo de vingança, ele parte com a autorização
de seus superiores para uma vingança pessoal contra o traidor e dar cabo a vida
desse vilão. Claro que estão presentes as dicotomias ‘certo e errado’, ‘razão e
emoção’ nesse filme, vividas nas inúmeras questões enfrentadas por Kirk e Spock.
Seguir cegamente as ordens de um superior, entendendo que a
palavra dele é irrefutável, hermética e sem erros às vezes apenas denota o quão
errados somos nós, em acreditar que exista uma figura tão irretocável, perfeita
e sui generis na humanidade. Quando se
percebe isso, nota-se o quanto é comum o erro humano em entender que exista alguém
superior a você mesmo nessa carne fútil que vivemos.
A superioridade está além do que os olhos podem ver, além
das aparências e das circunstâncias. Quem consegue entender que o próximo deve
ser respeitado pelo que ele é e não pelo que representa, consegue viver melhor
e seguir seu caminho quase sempre em paz consigo mesmo.
Assista ao filme e divirta-se. Eu pelo menos aguardo ansioso
pela continuidade dessa franquia (atual) da qual me tornei fã!
Wendel Bernardes.