sábado, 17 de março de 2012

“Ser ou não ser...”

Quem sou eu? Qual é meu lugar na existência? Qual o sentido da minha vida?
Essas perguntas tão fundamentais e às vezes recorrentes estão tão inseridas no subconsciente coletivo que vez ou outra são retratadas na arte.

Usando a arte como exemplo, temos o célebre dramaturgo de língua inglesa (talvez o maior deles) Willian Shakespeare citando a frase de auto-análise mais famosa do mundo: “Ser ou não ser... Eis a questão...”
É claro que estas questões não ficam restritas apenas ao teatro e à literatura. Nas grandes telas inúmeros filmes abordam a temática do “quem sou eu”...



Um bom exemplo disso está na bem sucedida “Trilogia Bourne”. Matt Damon vive um rapaz atormentado por seu passado sombrio, por conta disso está sempre em fuga, ou envolvido em tramas de morte, mentiras e muita hipocrisia. Bourne só consegue ‘descansar’ quando elucida sua cruzada. Descobre quem era, o que vivera e como chegara na parte da caminhada que trilhava. As respostas de suas perguntas foram finalmente esclarecidas, mas não sem dor e muita decepção. Os filmes misturam ação, suspense e muita aventura numa boa mescla que fixou Damon no cinema do gênero.


Outra obra que aborda a mesma temática é “Salt”, com Angelina Jolie. Bom filme de ação na linha das bem sucedidas séries televisivas “Alias” e “Nikita”... A jovem Evelyn Salt (Jolie) é uma bem treinada agente da CIA que usa de seus artifícios para combater as ameaças à corporação, só que Salt foi “reprogramada” ainda quando criança por inimigos do capitalismo para agir como agente dupla. Revelada essa questão Salt é caçada como inimiga até mesmo pelo seu melhor amigo e parceiro de campo, vivido pelo bom ator Liev Schreiber (o Dentes de Sabre da Saga X-Men). O filme nos prende a atenção até entendermos quem é ou não o mocinho e vilão nessa trama que, provavelmente ganhará continuidade em cinema ou em série de TV.


Ainda outra adaptação, desta vez dos quadrinhos, nos leva a mais uma serie de perguntas. Em “X-Men Origens: Wolverine”, Hugh Jackman vive um mutante animalesco com guerras mortais de adamantium (metal indestrutível) que até onde se sabe sempre foi um assassino de primeira linha. Mas os hiatos mentais de Logan (Jackman) o impedem de acessar seus sentimentos anteriores e suas lembranças mais antigas.
Um dos melhores filmes da franquia (ficando atrás apenas - em minha opinião - de X-Men Primeira Classe) a obra mostra a luta sangrenta desse anti-herói por saber mais de si mesmo, suas perdas, dramas e reconquistas.

Esses são apenas alguns filmes que envolvem a temática em voga. O mais curioso é notar que cada um desses personagens tão distintos encontra apenas mais uma pergunta ao final de suas buscas: “Quem você quer ser...?”

Assassinos, agentes secretos, monstros, animais ou gente em busca de identidade? Esses filmes não falam apenas de passado e das respostas contidas nele, mas também põe em foco o que os personagens podem fazer ou viver doravante com as informações que conseguiram.
Podemos ter um passado sombrio e decidir por um futuro menos obscuro? Ou ainda podemos ter sido bonzinhos antes e nos tornarmos sujeitos piores?

A resposta para ambas as perguntas é: ‘Sim!’
Embora muita coisa em nosso passado não tenha sido necessariamente nossa culpa, ou nossa vontade, ainda assim está em nossas mãos revertemos o quadro em função da vida, obtendo melhor futuro (ou pelo menos uma esperança).

A Graça anuncia nova oportunidade de vida a quem quiser vivê-la. Sendo assim mesmo errantes, podemos ainda obter esperança de dias melhores, de continuidade. Jesus é essa esperança hoje!
A arte imita a vida às vezes, pra nos mostrar que sempre existirá um Bom Caminho, mesmo nas mais diversas trevas.

Wendel Bernardes.

segunda-feira, 12 de março de 2012

A Emoção de Ser o Melhor Amigo de um Monstro...

Céus de cores múltiplas, nuvens tingidas pelo astro rei e um jovem viking aprendendo que a amizade pode vir dos lugares mais inesperados. Essa é uma das abordagens do excelente conto de animação da DreamWorks (mesmo estúdio de Kung Fu Panda e Madagascar) “Como Treinar Seu Dragão” (How to Train Your Dragon EUA , 2010).

Soluço é um adolescente completamente diferente dos demais de sua aldeia. Desastrado, magricela e sem dom pra guerra. Isso até que poderia ser um pequeno drama ofuscado pela vida se Soluço não fosse justamente o único filho do maior e mais poderoso guerreiro e líder de sua tribo, o gigante Stoico (voz original de Gerard Butler de 300 e Código de Conduta).

Visando driblar seu destino o adolescente tenta durante um ataque furtivo dos maiores inimigos dos vikings (os dragões), mostrar ao seu pai, e quem sabe também a sua tribo, que ele não é tão ‘diferente’ assim. Manuseando uma de suas não tão bem sucedidas invenções, o auxiliar de armeiro tenta alvejar um dragão, e não apenas um dragão qualquer... Trata-se do mais terrível e desconhecido inimigo entre os demônios alados, um Fúria da Noite.

Soluço realmente atinge seu dragão amputando parte da aleta de sua cauda. Impossibilitado de voar o Fúria da Noite acuado, porém ainda mortal, toca estranhamente o coração do pequeno nerd ancestral. Nasce assim uma estranha e inimaginável amizade entre dois inimigos naturais. Soluço passa a entender que ele havia tirado mais que uma simples parte física do dragão, e sim sua liberdade e seu poder de vôo.

Banguela (o dragão) e Soluço começam a viver grandes aventuras juntos e é claro, às escondidas. O adolescente usa seus (ainda poucos) conhecimentos em aerodinâmica para desenvolver algo que ajude seu novo amigo a voltar a voar, ao passo que o dragão lhe devolve ainda muito mais.
Foi criada assim uma estranha, mas natural ‘simbiose’ já que Soluço não voa por ser gente, e Banguela também não o pode mais sem um ‘piloto’ que lhe controle o apetrecho de vôo.
Quando isso acontece somos brindados com as cenas mais lindas, mais realistas (mesmo numa animação) e mais surreais dos últimos anos no Cinema.
O filme é um pouco ambientado na paixão do homem em voar e Soluço e seu dragão fazem isso com maestria. São cenas que misturam ação, o lúdico e seqüências de tirar o fôlego.

A amizade inusitada entre inimigos mortais me fez lembrar um pouco dum certo príncipe israelita herdeiro por direito ao trono, que dá vazão ao seu coração e encontra ligação e confiabilidade exatamente naquele que ameaçaria sua própria ascensão ao trono real.

O filme dirigido a quatro mãos por Dean DeBlois e Chris Sanders, embora feito aparentemente para o público infanto juvenil, abusa de alguns clichês cinematográficos como havia de se esperar dum filme do gênero, porém conta uma boa história com fundo moral, demonstrando que os preconceitos são coisa dispensável na vida e que podemos (com o auxílio de muito boa vontade) mudar nossa percepção daquilo que nos cerca.

O filme é a confirmação da qualidade técnica da DreamWorks, devendo cada vez menos a poderosa Pixar. Filmes desse quilate podem até nos fazer esquecer-nos das incansáveis incursões (já desnecessárias) da produtora no (agora) sem graça Shrek.

Assisto “Como Treinar Seu Dragão” todas as vezes que passa na TV e confesso que ainda vejo de vez em quando com meus filhos em DVD. Uso e abuso da desculpa de estar com as crianças só pra voar ma imaginação e curtir o farfalhar de asas de Banguela...
Aventure-se, assista de novo!
(destaque pra ótima trilha sonora de Jim Powell -indicada ao Oscar-, e para a brilhante dublagem em português (Brasil) de Gustavo Pereira -
Adaptado da literatura de Cressida Cowell)

Wendel Bernardes.

Assista ao Trailler: